segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Será que faz sol?

Será que faz sol?
Quero sair de novo com ela
Vê-la de biquíni será o máximo e George Harrison no carro, certeiro!
Será que faz sol?
Eu não me importo, mas e se ela der essa desculpa?
Será que chove?
Poderíamos ficar na cama, fazendo amor, ouvindo música, jogando conversa fora e bebendo vinho pra esquentar (mais?!)
Será que ela topa?
Não..., dirá que não me conhece bem, melhor a praia!
Será que faz sol?
Vou olhar no site, mas pra garantir, e como sou de Ogum, pedirei a ele que fale com Oiá pra não mandar a tempestade
Não quero ela com medo...
Desejo-a linda, e de biquíni!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Vai que Neva?



Vai que neva?
Substituir sua irmã
Numa capacitação
Num domingo de manhã
“Qual a nova discussão?”

Vai que neva?
Vou daqui a pé
Para o Bonfim ver a lavagem
Sem nenhuma fé
Terei alguma miragem?

Vai que neva?
Marcar um encontro chato
No dia pré-menstrual
Com um pé no saco chato
Nada será natural

Vai que neva?
Ir pra o estádio
Ver dois times de nem sei o quê
Com dois amigos
Apenas pra ter o que dizer

Vai que neva?
Um biquíni vou levar
Pra um encontro das garotas
Muita Ice e pouco War
Quem será a mais escrota?

E eu?


Finalmente o grande dia havia chegado! Juro que tentei sentir a felicidade que eu demonstrava, mas o que realmente me dominava era um vazio muito angustiante. Acordei as 05:00h e a primeira coisa que fiz foi me despedir da minha cama de solteiro, da casa dos meus pais, do meu quarto... Durante o banho, ao invés de pensar em como seria meu dia de noiva, o meu pensamento vagava pelas lembranças da minha infância, pelos namoradinhos de adolescência, pela poucas noites de amor com meus poucos homens, pelas inúmeras farras com minhas amigas, pelas incontáveis noites varadas nas boites, pelos dias de trabalho de virote... As lágrimas se misturavam com a água do chuveiro. Acho que foi importante eu chorar pois aliviou minha angústia antes de encarar meus pais, já na sala, aguardando minha saída. Recebi-os com um grande abraço e forçando muitos sorrisos. Não consegui evitar o choro – nem o meu nem o de minha mãe – mas tenho certeza de que os convenci de que este era o dia mais feliz da minha vida, mesmo eu tendo certeza que não.

Foram 11 meses de um relacionamento intenso, mas muito oscilante. Talvez por termos uma diferença de 13 anos, nosso relacionamento foi marcado por muitas incompreensões. Brigávamos muito, mas, em compensação, tínhamos um encaixe perfeito. Éramos excelentes amantes! Mas o maior problema para mim não eram os momentos de vale: eu não conseguia esquecer o Juca. E quer mais uma e a pior revelação: até hoje eu não consegui esquecer... Mas não posso chorar o leite derramado. Há três meses descobri que uma pessoinha estava sendo construída dentro de mim. Imagina! Eu, com 22 anos, sem qualquer experiência, em breve seria mamãe. Não sei fazer um ovo cozido! Mas tudo bem... Qual a mulher que estava preparada pra ser mãe? Creio que eu tenha ficado feliz com a notícia da gravidez, mas junto com ela vinha o problema: o pai. Não tinha outra opção que não o casamento.

Pense numa alegria abestalhada, foi o Luciano quando soube que seria pai. Imediatamente ele já pensou em reformar o quarto da TV para o bebê. Logo depois, decidiu a igreja que nos casaríamos. Ele realmente gostava de mim, apesar de já ter aprontado muito. Mas eu tinha certeza que não correspondia àquele sentimento. O Juca sempre esteve presente nos meus pensamentos, principalmente quando começamos a trabalhar na mesma empresa nesse ultimo semestre...

Fui para o meu dia de noiva. Num intervalo entre massagens e banhos relaxantes eu choramingava sozinha (celular nem pensar). Durante a limpeza de pele, com os olhos fechados, pude perceber na mudança que estava prestes a ocorrer: eu iria constituir uma família com um homem que não amo. Neste momento já não tinha mais lágrimas pra chorar – e também os chás tranqüilizantes já estavam fazendo efeito. Mas mesmo não existindo lágrimas, uma tristeza profunda me fazia suspirar e borbulhar inúmeras dúvidas: será que eu amarei o Lu? Será que eu serei feliz? Será que o Juca sairá definitivamente da minha vida? Será que eu quero que ele realmente saia? Não havia espaço para eu pensar em meu bebê...

De repente, aqui estou. Linda. Linda, como nunca me senti antes. Dentro desse carro (que tem tanta história pra contar), sentindo o frio do ar condicionado ressecar meus olhos e ouvindo o som do motor se confundir com os sussurros dos convidados que estão fora da igreja. Meu pai fala algumas palavras que eu não consigo compreender. Não estou prestando atenção. Se ele imaginasse que minha carcaça é o oposto do que sinto, com certeza me levaria agora para casa. Ele desce do carro e abre a porta: “- vamos, minha filha.” Calma! Muita calma! Suspiro fundo e incorporo a personagem: estou realizando meu grande sonho...