domingo, 20 de março de 2011

Dia da Mulher


Dia Internacional da Mulher! Minha mente já está condicionada a pensar na figura delicada, meiga e linda, sempre ao lado de uma bela rosa vermelha. Uma poesia dedicada à beleza da mulher, ao equilíbrio entre a sutileza e força. Uma declaração de amor do marido, reconhecendo a dedicação da sua esposa. Uma mensagem empresarial reconhecendo o crescimento das mulheres (em números e resultados) na organização. Sugestão para presentes: flores! Enfim, clichês.

Os clichês têm seu lugar. Primeiro porque, se virou clichê, é porque houve repetições. Se houve repetições é porque houve aceitações. Portanto, os clichês, em algum momento, satisfizeram a maioria. O problema do clichê é a previsibilidade... Resultado? Elas cansaram de serem homenageadas com esses clichês.

Hoje elas são mais do que independentes, ousadas, inteligentes, guerreiras. As mulheres de hoje: “pães” (pai+mãe); “solteiras sim, sozinhas nunca”(mulher melancia); “mulher não trai, mulher se vinga” (aviões do forro); “arranjar um amor só pra me distrair” (Alcione); “quantos homens me amaram, bem mais e melhor que você” (Chico); “contornei” (Márcia, Zorra Total); “Sexo sem compromisso (filme que preciso assistir!)”. Vamos “retirar todo o lençol” e mostrar que elas não precisam mais só da auto-afirmação do equilíbrio: esposa-mãe-trabalhadora. É preciso auto-afirmar a relação da mulher com sua sexualidade. Sem pudores, vergonha ou preconceito.

Hoje elas são gays, bi e mães. Optam pela produção independente ou por não terem filhos. Por não casar ou por trair. Têm vários parceiros ao longo da vida. Beijam amigos e amigas (e às vezes transam), sem compromisso. Realizam suas fantasias. Partem para a conquista! Tomam atitude. Dão na primeira noite. Por favor, não vamos entrar no mérito da promiscuidade. O discurso gira em torno da flexibilização dos pré-conceitos do século passado. Àquele que julgar uma mulher como vadia por ter transado na primeira noite é tido como, no mínimo, limitado (que o diga Diogo do BBB11). Vamos tomar por referência aquela mulher linda, meiga, educada, jovem e independente: ela pode fazer tudo e manter sua saúde sexual e sua idoneidade. Hoje, elas podem!

A história começou com os clichês, onde a homenagem das mulheres era regada à flores, poesias e declarações. O que fazer para sair desses clichês? Continuam as flores, poesias e declarações – pois elas adoram. Elas querem também ser reconhecidas pelo lado loba. Está na hora de acabar com o tabu que é a libido feminina. Quebrar esses limites machistas já rachados pela ascensão financeira das mulheres. Homens: presenteie-as com lingeries e brinquedos; músculos e inteligência; preliminares e rapidinhas; lealdade e virilidade. Cuidem-se e compareçam com qualidade, afinal elas querem, merecem e terão (estando vocês presentes ou não).

8 comentários:

  1. Interessante o enfoque dado, talvez explicado por Freud. Mas o Dia Internacional da Mulher é para ser lembrado em homenagem a um "grupinho" subversivo que lutou por seus direitos. Essas merecem as nossas homenagens, não todas.

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  2. Bom demais!!!
    Por que gostei?
    1º) Porque me identifiquei demaaais! ("aquela mulher linda, meiga, educada, jovem e independente") kkkk! Não totalmente nessa parte, até pq acho que não só esse tipo deveria ser respeitado. Acho tb que as feias e desbocadas também devem ter seu lugar! :)
    2º) Porque o texto é repleto de intertextualidades muitíssimo bem construídas (adorei as referências que vão de Chico Buarque a Diogo do BBB!!)
    3º) Porque concordo com o discurso do texto (clichês enchem o saco e tá na hora de a gente dar pra quem quiser e que se danem os pensamentos alheios)!!
    4º) Porque sei que vc puxou a minha veia poética e escritora! Afinal, sou sua irmã mais velha em literatura, né não?
    Enfim... AMEI! Vou divulgar!

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  3. Anonimo,

    Concordo totalmente que o Dia da mulher é para lembrar o momento de luta pelos direitos, assim como o Natal é para lembrar o nascimento de Jesus. Entretanto, "algum processo invisível" faz com que descaracterizemos um pouco a visão inicial (mas não é esse o enfoque).
    Enfoquei a questão da visão da mulher.
    Obrigada pelo comentário - sempre construtivo!
    ;)

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Tem mais coisa no texto: "Àquele que julgar uma mulher como vadia" - não existe essa crase;
    "A história começou com os clichês, onde a homenagem" - o "onde" deve ser trocado por "em que";
    "Homens: presenteie-as com lingeries" - deve ser "presenteiem-nas".

    Pronto, só isso mesmo.

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  6. Visão masculina do anônimo: A mulher carece ainda de toda atenção, até porque o Dia INTERNACIONAL da Mulher não pertence às mulheres que usam brinquedos ou que podem escolher homens musculosos e inteligentes para dar uma rapidinha ou uma mais prolongada, essas são as "emancipadas", e as outras? Nem todas podem se sentir homenageadas, é uma visão muito restrita, quem merece a homenagem são as sujeitas aos apedrejamentos, aos absusos nas relações de trabalho, às assediadas, às silenciadas ou às que "sofrem" imposições culturais que não nos dizem respeito. Portanto, ao menos, podemos erguer uma bandeira para sinalizá-las, que no horizonte, elas poderão achar um par musculoso e inteligente, um consolo, uma rapidinha ou demoradinha e até presentinhos. E que se isso for a solução da afirmação da realização feminina, que assim o seja.

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  7. Irmã!
    Até que enfim voce perdeu a virgindade (em escrever no meu blog)!!!!!

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