Existia um vazio.Era um sentimento oco, desprovido de sustância.
Faltava o calor, a intensidade, a entrega, dignos dos apaixonados. Talvez por não
se permitir iludir não tenha permitido se apaixonar. Será que realmente é
necessário o conteúdo da ilusão para que exista a paixão? Paixão é sofrimento. Acho
que descobriu quanta falta fazia esse sofrimento...
O fato de ter expurgado a paixão de sua essência a fez mais
constante. Era difícil vê-la chorar, se desequilibrar, e também era difícil a
ver plena, satisfeita, em êxtase. Vivia numa constante quase melancólica, onde
quase nada a afetava, quase nada admirava. Apenas ele despertava um
interesse... Queria dizer uma admiração, mas ela continha tanto seus ímpetos
que eu nem sei o nome que se dá.
Se fosse comigo, não teria dúvidas em me entregar... Claro! Se
vai dar certo ou não, é outra coisa. Permitiria me apaixonar novamente, andar
no shopping de mãos dadas, ir ao cinema, conhecer família e amigos, descobrir
que ele ronca, brigar pelo canal da televisão, me chatear imaginando que ele não
gosta mais de mim, depois receber um beijo bem gostoso e ouvir que “eu estou
viajando!”. Trocar carinhos, conversar por olhares, permitir uma intimidade única...
Como é bom estar apaixonada! Mas ela fugia disso. O que viveu no passado não justifica,
pois não se pode dizer que sofreu por amor. Teve algumas decepções, algumas
grandes decepções, mas poucas. Talvez suficientes...
O fato é que ela queria, mas não iria comprar. Não fazia
sentido manter essa relação estéril. Soube como afastá-lo de si. Aos poucos ele
deixou de participar de sua vida. Aos poucos ela se afastou. Agora começava a
luta para afastá-lo dos seus pensamentos. Sabia como afastar da sua presença,
mas não sabia como esquecê-lo. Depois ela pensa nisso... Está na hora de
começar a reunião.
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