sábado, 3 de julho de 2010

Como atuar no mercado da Psicologia?


Exercer a profissão de psicólogo não é tarefa fácil, não apenas pela exigência de preparo no atuar, mas também na escolha de como e onde atuar. Atualmente, existem várias áreas da psicologia que abrem um leque de oportunidades de atuação do profissional, como por exemplo, a psicologia hospitalar, esportiva, clínica, comunitária, organizacional, jurídica, dentre outras. Além disso, existem as linhas teóricas que exigem, ao menos, um breve conhecimento da maioria para que se posse escolher aquela em que o profissional mais se identifica: Abordagem Centrada na Pessoa (Carl Rogers), Gestalt, Psicodrama (Jacob Levy Moreno), Psicanálise (Freud, Lacan, Jung), Psicologia Cognitivo-Comportamental, Análise Transacional (Erick Berne), Psicologia Transpessoal, etc.

Entretanto, o que se pode avaliar é que muitos dos novos profissionais debatem-se com as portas fechadas. Percebe-se que além da escolha pela linha teórica do profissional e sua área de atuação, o recém-formado deve definir qual será sua forma de agir no mercado. Deve-se pensar em como atuar. Autônomo, empregado, empresário, servidor público, enfim, o psicólogo deve avaliar não apenas suas próprias expectativas, como também a forma de exercer sua profissão, mas também observar o comportamento do mercado, analisando os prós e os contras de cada opção.

Objetiva-se apontar no próximo tópico os caminhos de escolha profissional de psicólogos.

1. ATUAÇÃO INDIVIDUAL

Destaca-se, neste tópico, a atuação do profissional como insubordinado, englobando, portanto, a condição de empresário. Ressalta-se que o psicólogo não pode atuar como empreendedor individual por estar incluído no rol do exercício de atividades intelectuais.

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (CÓDICO CIVIL, 2002)

Para se constituir uma empresa é necessário decidir se o psicólogo arcará com o negócio sozinho ou compartilhado. Se a opção for de Empresário Individual, o patrimônio do psicólogo confundir-se-á com o da empresa. Não existe distinção jurídica entre o proprietário e o negócio. Tal conceito reflete na impossibilidade de abertura de filiais, de repasse ou transferência da empresa para um substituto e até mesmo em compartilhar possíveis prejuízos e dívidas do negócio. Já se o profissional optar em atuar em sociedade, poderá abrir uma empresa limitada, sendo esta a forma mais comum para as pequenas empresas no Brasil. (SEBRAE, 2009).

De uma maneira geral, a incidência tributária para os pequenos empresários é menor do que a dos autônomos, dependendo do faturamento e da atividade. Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei do Senado 467/08 que pode garantir o acesso das atividades de psicólogos e psicanalistas ao regime tributário denominado Simples Nacional. Este regime oferece benefícios como a unificação da apuração e recolhimento do PIS/PASEP, COFINS, IRPJ, CSLL, podendo ainda estender-se ao INSS Patronal e ISS.

Apresenta-se também a possibilidade de atuação como autônomo. Considera-se o trabalhador autônomo aquele que exerce sua profissão sem vínculo empregatício, por conta própria e com assunção dos seus próprios riscos. Os impostos que incidem sobre o autônomo são ISS, INSS e Imposto de Renda.

2. EMPREGADO

Existe o Projeto de Lei 5440/09 tramitando na Câmara dos Deputados que objetiva fixar o piso nacional para os psicólogos no valor de R$4.650,00. Segundo o IBGE, em setembro, o rendimento médio real (descontada a inflação) dos ocupados foi de R$ 1.346,70 na média das seis principais regiões metropolitanas do País. Com isso, verifica-se que a possível remuneração dos psicólogos pode ser considerada razoável, tendo como parâmetro que a maioria da população se sustenta com quase ¼ deste piso.

Fazendo uma comparação com outros profissionais, o piso dos médicos pode ser votado(PL 3734/08) em R$7.000,00 e dos advogados (SUG 172/2009 CLP) em R$4.650,00. Para o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo necessário para suprir os critérios previstos na Constituição brasileira seria de R$ 2.065,47. Portanto, o psicólogo ganharia mais que o dobro do mínimo necessário para se ter “moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”(CF/1998, Art. 7, inc. IV.), o que o coloca em uma posição privilegiada.

O que assusta não apenas os psicólogos, mas também os empregados privados no país é a instabilidade do emprego. Na intenção de reduzir essa instabilidade, faz-se necessário buscar não apenas o aperfeiçoamento profissional, como também estabelecer um bom networking e saber realizar o marketing pessoal. Quanto maior for a rede de contatos do profissional, maior será a possibilidade dessa pessoa conseguir uma boa colocação no mercado.

O marketing pessoal pode ser compreendido como uma estratégia individual que tem como finalidade atrair, desenvolver e manter contatos e relacionamentos que sejam interessantes, tanto do ponto de vista pessoal como profissional. O marketing pessoal também tem como pressuposto dar visibilidade a habilidades, competências e características consideradas importantes para o reconhecimento do outro (PASSOS; NAJJAR, 1999). De acordo com os referidos autores, o marketing pessoal é um tipo de “marca” do profissional, ou seja, a forma como o profissional é reconhecido no mercado de trabalho, no grupo social ou na família. Esta “marca” é criada ao longo da vida pessoal e profissional de um indivíduo e, muitas vezes, é recriada de acordo com as mudanças que ocorrem na vida do sujeito, seja no contexto pessoal, profissional ou social. Assim, a administração do marketing pessoal com competência é de extrema relevância para o desenvolvimento e a manutenção da qualidade da imagem do profissional.

O networking é uma ferramenta bastante difundida no mundo atual e se refere à capacidade que o indivíduo tem de formar e manter laços que favoreçam oportunidades de crescimento tanto pessoais quanto profissionais. Passos (1999) ressalta que várias pesquisas situam a chance de arrumar um emprego através de um anúncio em revistas especializadas ou jornais, em média, abaixo de 7%. Em contrapartida, o autor destaca que procurar emprego por meio de uma rede de contatos pessoais, apresentando suas qualidades, elegendo e contactando um empregador capaz de valorizar tais qualidades via seus network partners, pode, se tudo for bem feito, obter até 86% de êxito. Deste modo, podemos observar que uma boa rede de contatos pode contribuir em muito para se encontrar oportunidades de trabalho.

3. CONCURSOS PÚBLICOS

Com a grande vantagem de um emprego estável e com uma renda garantida, os concursos públicos passaram a ser destinos de muitos profissionais. Uma análise breve de alguns editais permite observar que as principais atividades disponíveis em vagas para psicólogos são: desenvolver atividades no campo da Psicologia aplicada ao trabalho, tais como recrutamento, seleção, perfil psicológico/profissional, orientação, desempenho e treinamento profissional, proceder à avaliação de funcionários com problemas de comportamento e/ou com distúrbio psíquico e apresentar os respectivos diagnósticos, além de prestar assistência terapêutica, empregando técnicas psicológicas específicas a cada caso.

Observa-se que as vagas específicas para quem tem graduação em psicologia era uma remuneração média inicial entre R$ 1.900,00 e R$ 2.750,00. Os principais locais de trabalho: centros assistenciais, Universidades, Escolas, UBS (Unidade Básica de Saúde) do Programa Saúde da Família, Hospitais, Penitenciárias, Polícia, Secretárias Estaduais e Municipais de Saúde, Educação etc.

REFERÊNCIAS


CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406.htm. Acessado em 02 de julho de 2010.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Quais os tipos de empresas que existem? Disponível em
http://www.sebraesp.com.br/faq/criacao_empresa/legalizacao/tipos_empresas. Acessado em 02 de julho de 2010.

PASSOS, A. & NAJJAR, E. R. Carreira e Marketing pessoal: da teoria à prática. São Paulo: Negócio Editora. 1ª edição, 1999.

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